Melanoma

Melanoma é a principal causa de morte por doenças de pele.

O melanoma é a principal causa de morte por doenças de pele. Sua incidência vem crescendo ao longo das últimas décadas, tanto entre jovens como em idosos. É considerado o 6º câncer mais comum nos países desenvolvidos, responsável por 60000 casos de morte por ano no mundo. Entretanto, o diagnóstico e o tratamento nos estágios iniciais apresentam um marcante impacto positivo na evolução da doença.

A etiologia do melanoma é múltipla e está relacionada a fatores ambientais, à características de pele e à predisposição genética. A radiação ultravioleta é o principal fator ambiental conhecido. Tanto a exposição solar crônica como a exposição solar intermitente intensa, principalmente aquela que gera queimaduras de segundo grau (com bolhas), são fortemente relacionadas ao desenvolvimento de melanoma. Outros fatores de risco são pele e olhos claros, cabelos loiros ou ruivos, sardas e múltiplos nevos melanocíticos (também conhecidos popularmente como “sinais” ou “pintas”).

Em cerca de 5-10% dos casos de melanoma a causa é atribuída à predisposição genética, sendo chamado de melanoma hereditário ou familial. Suspeita-se dessa condição quando há múltiplos melanomas em um mesmo indivíduo ou quando há múltiplos casos de melanoma no histórico da família. Contudo, é importante ressaltar que a história familiar positiva não revela, obrigatoriamente, que uma mutação genética esteja presente. Na realidade, essa situação pode ser reflexo da exposição solar intensa e das características de pele geralmente compartilhadas pelos membros dessas famílias acometidas.

As famílias com predisposição genética apresentam um risco ao longo da vida de desenvolver melanoma de 30 a 70 vezes maior do que a população em geral. Também há maior predisposição para o desenvolvimento de outros tumores, como o câncer de pâncreas e o câncer de rim. A identificação, portanto, dessas famílias de risco é importante para a prevenção do câncer e vigilância ativa para o diagnóstico precoce.

Nas últimas décadas, múltiplos genes de susceptibilidade têm sido identificados e há diversos painéis disponíveis comercialmente para a investigação das famílias de risco. No Brasil, o teste genético deve ser considerado quando há: 1) presença de um indivíduo com melanoma e um ou mais casos de melanoma e/ou câncer de pâncreas em parentes de 1º ou 2º grau; 2) presença de dois ou mais melanomas no mesmo indivíduo.

Contudo, diante da suspeita de melanoma familial, antes da realização do exame de sangue, é fundamental a avaliação dessas famílias pelo médico geneticista. O aconselhamento genético é de extrema importância para o melhor entendimento da susceptibilidade genética e dos possíveis resultados do teste genético, apoio psicológico e esclarecimento das medidas de prevenção de câncer.

As famílias com predisposição genética devem ter acompanhamento dermatológico intensivo, incluindo dermatoscopia digital e mapeamento corporal total. Dependendo do tipo de mutação genética identificada, também são recomendadas diferentes formas de rastreamento de câncer em outros órgãos.

Escrito pela Dra. Joyce Arnaut CRM 5293710

Referências

1) E. Soura, P. Eliades, K. Shannon, A. Stratigos, and H. Tsao, “Hereditary melanoma: Update on syndromes and management: Genetics of familial atypical multiple mole melanoma syndrome,” J Am Acad Dermatol, vol. 74, no. 3, pp. 395–407, Mar. 2016.

2) “U.S. Cancer Statistics Data Visualizations Tool | CDC,” Jul. 11, 2019. https://www.cdc.gov/cancer/uscs/dataviz/index.htm (accessed May 11, 2020).

3) F. Bray, J. Ferlay, I. Soerjomataram, R. L. Siegel, L. A. Torre, and A. Jemal, “Global cancer statistics 2018: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries,” CA Cancer J Clin, vol. 68, no. 6, pp. 394–424, 2018, doi: 10.3322/caac.21492.

4) M. Potrony et al., “Update in genetic susceptibility in melanoma,” Ann Transl Med, vol. 3, no. 15, p. 210, Sep. 2015, doi: 10.3978/j.issn.2305-5839.2015.08.11.

5) C. B. Hansen, L. M. Wadge, K. Lowstuter, K. Boucher, and S. A. Leachman, “Clinical germline genetic testing for melanoma,” Lancet Oncol., vol. 5, no. 5, pp. 314–319, May 2004, doi: 10.1016/S1470-2045(04)01469-X.

6) A. M. Goldstein et al., “Increased risk of pancreatic cancer in melanoma-prone kindreds with p16INK4 mutations,” N. Engl. J. Med., vol. 333, no. 15, pp. 970–974, Oct. 1995, doi: 10.1056/NEJM199510123331504.

7) S. A. Leachman et al., “Selection criteria for genetic assessment of patients with familial melanoma,” J. Am. Acad. Dermatol., vol. 61, no. 4, p. 677.e1–14, Oct. 2009, doi: 10.1016/j.jaad.2009.03.016.

8) S. A. Leachman et al., “Identification, genetic testing, and management of hereditary melanoma,” Cancer Metastasis Rev., vol. 36, no. 1, pp. 77–90, 2017, doi: 10.1007/s10555-017-9661-5.

9) “Genetic Counseling: An Indispensable Step in the Genetic Testing Process,” J Oncol Pract, vol. 4, no. 2, pp. 96–98, Mar. 2008, doi: 10.1200/JOP.0827002.